As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão
O Calcanhar-de-Aquiles do conhecimento
Erros mentais
A Psique Humana
Emoções
Necessidades
Sonhos
Desejos
Ideias
Imagens
Fantasias
Imaginário
Subjectividade
Self-deception (mentir a si próprio)
Egocentrismo
Necessidade de autojustificação
Projectar sobre o outro a causa do mal
A memória
Degradação de memórias
Rememoração (reconstrução de memórias)
Embelezamento de memórias / lembranças
Desfiguração de memórias / lembranças
Selecção de memórias favoráveis
Recalcamento de memórias desfavoráveis
Falsas lembranças
Erros intelectuais
Sistemas de ideias: teorias, doutrinas, ideologias
Estão sujeitos ao erro
Protegem os erros e ilusões neles inscritos
Resistência à informação que não lhes convém ou que não podem assimilar
As teorias têm tendência a resistir à agressão de teorias e/ou argumentos contrários
Doutrinas
São teorias fechadas sobre si mesmas
Estão absolutamente convencidas da sua verdade
São invulneráveis a qualquer crítica que denuncie os seus erros
Erros da razão
Racionalidade
Racionalidade construtiva e Racionalidade crítica
É a melhor protecção contra o erro e a ilusão
É um dispositivo de diálogo entre a ideia com o real
Recorre à lógica e à verificação empírica
Não é apenas teórica, apenas crítica, mas também é autocrítica.
É fruto do debate argumentado das ideias, e não a propriedade de um sistema de ideias
A racionalidade não é monopólio da civilização ocidental!
O racionalismo que ignora os seres, a subjectividade, a afectividade e a vida é irracional!
Racionalização
É uma racionalidade distorcidada, fechada à verificação empírica e a refutações/críticas que ponham a nu os seus erros
Fecha-se sobre si mesma, numa doutrina racionalizadora, que obedece a um modelo mecanicista e determinista para considerar o mundo
Constitui um sistema lógico perfeito, mas fundamenta-se em bases mutiladas ou falsas
É uma grande fonte de erros e ilusões
Princípio de incerteza racional
Cegueiras paradigmáticas
Paradigma
Faz a selecção e a determinação da conceptualização e das operações lógicas
Designa as categorias fundamentais da inteligibilidade e controla a apliacação das mesmas
Ordem -> concepções deterministas
Matéria -> concepções materialistas
Espírito -> concepções espiritualistas
Estrutura -> concepções estruturalistas
Os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo o paradigma culturalmente inscrito neles
Determinismo de paradigmas e modelos explicativos
Um paradigma pode ao mesmo tempo elucidar e cegar, revelar e ocultar
Relação Homem / Natureza: dois paradigmas opostos!
Paradigma 1
Inclusão do Homem na Natureza
O Homem é um ser natural
Reconhecimento da "natureza humana"
Paradigma 2
Disjunção entre o Homem e a Natureza
Determina o que há de específico no Homem por exclusão da ideia de natureza
Ambos os paradigmas obedecem ao Paradigma da Simplificação!
Redução do Homem ao natural
Disjunção entre o Homem e o natural
Ambos impedem a:
Concepção da unidualidade da realidade humana
natural <-> cultural
cerebral <-> psíquica
Concepção da relação, ao mesmo tempo, de implicação e de separação entre o Homem e a Natureza
Paradigma cartesiano
Separa o sujeito e o objecto, cada qual na sua própria esfera
É um paradigma, pois determina os conceitos-mestres e prescreve a relação lógica: a disjunção
Determina a dupla visão do mundo / desdobramento do mundo
O mundo de objectos submetidos a observações, experiências, manipulações
O mundo de sujeitos que se questionam sobre problemas de existência, de comunicação, de consciência, de destino
A incerteza do conhecimento
As fontes e causas de erros e ilusões são múltiplas e renovam-se constantemente em todos os conhecimentos
As possibilidades de erro e ilusão oriundas do exterior cultural e social inibem a autonomia da mente e impedem a busca da verdade
As possibilidades de erro e ilusão vindas do interior, encerradas, às vezes, no seio dos nossos melhores meios de conhecimento, fazem com que as mentes se equivoquem de si próprias e sobre si mesmas
A incerteza, que mata o conhecimento simplista, é o desintoxicante do conhecimento complexo.
Existem condições que permitem interrogações fundamentais sobre o mundo, o Homem e o próprio conhecimento
Condições bioantropológicas: as aptidões do cérebro/mente humana
Condições socioculturais: a cultura aberta, que permite diálogos e troca de ideias
Condições noológicas: as teorias abertas
Podemos usar a possessão a que as ideias nos submetem para nos deixarmos possuir pelas ideias de crítica, de autocrítica, de abertura, de complexidade
Devemos tentar jogar com as duplas possessões para alcançar formas em que a escravidão mútua se transformaria em convivibilidade
Possessão da mente pelas ideias
Possessão das ideias pela nossa mente
Problema-chave: instaurar a convivibilidade tanto com nossas ideias quanto com os nossos mitos.
A mente humana deve desconfiar dos seus produtos (ideias), que lhe são ao mesmo tempo vitalmente necessários
Necessitamos de:
Estar sempre atentos para evitar o Idealismo e a Racionalização
Negociação e controlo mútuos entre a nossa mente e as nossas ideias
Intercâmbio e comunicação entre as diferentes zonas de nossa mente
Tomar consciência do id e do alguém que falam através do ego
Estar sempre alerta para tentar detectar a mentira em si mesmo
Precisamos de desenvolver teorias abertas, racionais, críticas, reflexivas, autocríticas, aptas para se auto-reformarem
É preciso encontrar os metapontos de vista sobre a noosfera
É preciso instaurar um paradigma que permita o conhecimento complexo
O problema cognitivo é de importância antropológica, política, social e histórica
Para que haja progresso de base no séc. XXI, o Homem tem de deixar de ser um brinquedo inconsciente das suas ideias e das próprias mentiras.
O dever principal da educação é o de armar cada um para o combate vital para a lucidez
O inesperado
A imprevisibilidade do Futuro
Sentimento de surpresa
Acomodamo-nos nas nossas teorias e ideias, as quais não têm estrutura para receber o que é novo.
Devemos esperar o inesperado!
A noologia: possessão
Noosfera: a esfera das coisas do espírito
É um produto da nossa alma e mente
Ela está em nós e nós estamos nela
Mitos, Crenças e Ideias
São produtos da mente
São seres mentais que têm vida e poder
Tomaram forma, consistência e realidade
Podem possuir-nos!
Somos capazes de matar ou morrer por um deus, por uma ideia!
Vivemos numa selva de mitos que enriquecem as culturas
Ideias ou teorias
As ideias existem pelo Homem e para ele, mas o Homem existe também pelas ideias e para elas
Só podemos usá-las bem se soubermos também servi-las
Não devem ser apenas instrumentalizadas nem impor o seu veredicto de modo autoritário
Devem ser relativizadas e domesticadas
Devem ajudar e orientar estratégias cognitivas que são dirigidas por sujeitos humanos
Idealidade
Modo de existência necessário à ideia para traduzir o real
Idealismo
Posessão do real pela ideia
São as ideias que nos permitem conceber as carências e os perigos da ideia
Paradoxo: devemos manter uma luta crucial contra as ideias, mas só podemos fazê-lo com a ajuda de ideias
O imprinting e a normalização
Determinismo de convicções e crenças
Força imperativa do sagrado
Força normalizadora do dogma
Força proibitiva do tabu
Doutrinas e ideologias dominantes
Força imperativa que traz a evidência aos convencidos
Força coercitiva que suscita o medo inibidor nos outros
Encarceração do conhecimento no multi-determinismo de imperativos, normas, proibições, rigidez e bloqueios
Determinações sociais, económicas e políticas
Poder
Hierarquia
Divisão de classes
Especialização
Tecnoburocratização do trabalho
Determinações culturais
Conformismo cognitivo
Imprinting cultural
Marca matricial que inscreve o conformismo a fundo
Marca os humanos desde o nascimento com diferentes "selos"
Cultura familiar
Cultura escolar
Universidade e / ou vida profissional
Normalização
Elimina aquilo que poderia contestar o imprinting cultural e o seu conformismo