Diferença de voz falada e cantada
Ressonância e projeção da voz
Falada: A ressonância é média e a intensidade habitual fica por volta de 64 dB, sendo 10 dB a faixa de variação. Quando é necessário uma projeção vocal, inspira-se mais profundo e abre-se mais a boca, no entanto, não tem necessidade de grande projeção para conversação.
Cantada: A ressonância é alta, sendo que a intensidade quase nunca é constante, com variações controladas e rápidas.
Articulação dos sons de fala
Falada: É precisa, já que a prioridade é transmitir a mensagem e, para isso, a identidade dos sons é mantida, sendo que as vogais e consoantes têm duração definida. O padrão de articulação depende do emocional de quem fala e do discurso que está sendo produzido.
Cantada: Existe um privilégio dos aspectos emocionais e por isso, pode acontecer uma subarticulação que é bem evidente no canto lírico. As vogais têm uma pronúncia mais longa do que as consoantes.
Velocidade e ritmo
Falada: São individuais e dependem do regionalismo, personalidade, profissão, emocional e controle neurológico. Diferente do citado que é para fala coloquial, para profissionais depende de qual profissão é exercida.
Cantada: Dependem do tipo de música, harmonia
Respiração
Falada: É natural e o ciclo respiratório depende da emoção e do comprimento da frase associado à velocidade de fala. O volume de ar utilizado é médio, com pouca movimentação pulmonar e expansão da caixa torácica, sendo que a expiração acontece por meio de um processo passivo.
Cantada: É treinada e o ciclo respiratório depende da frase musical. Tem um grande volume de ar utilizado, com muita movimentação pulmonar e todas as paredes do tórax se movimentam, sendo a expiração um processo ativo. Existem duas técnicas respiratórias principais, " Belly in" e " Belly out", porém não são determinantes da qualidade vocal.
Fonação
Falada: As pregas vocais ao realizar o ciclo vibratório tem um maior cociente de abertura comparado ao fechamento. Situações como pigarro e tosse aumentam bastante o atrito da mucosa das pregas, sendo que, quando se causa instabilidade, isso não prejudica a comunicação e, de forma modesta, a rouquidão, soprosidade e aspereza são aceitas. Além disso, a laringe se movimenta de forma discreta
Cantada: Para o canto popular, quase não tem nenhuma diferença no cociente de abertura e fechamento e para o canto lírico, o cociente de fechamento é maior que o de abertura. O atrito da mucosa das pregas é bastante reduzido, sendo que pigarrear ou tossir não são aceitos. A ênfase não é realizada de forma brusca, mas sim com mudança na tensão das estruturas. A laringe tem a tendência a permanecer, até nas frequências mais agudas, baixa.
Qualidade vocal
Falada: É neutra ou com alguns desvios que não caracteriza uma disfonia, sendo dependente do interlocutor, do discurso e dos aspectos emocionais.
Cantada: Depende da natureza do coral e do estilo musical. É mais estável visto que tem um maior treinamento e fatores externos a música pouco influencia.
Pausas
Falada: O falante tem autonomia em decidir e pode ser para dar ênfase a alguma palavra. Pausas de hesitação são normais, sendo silenciadas ou preenchidas.
Cantada: São programadas, sendo que a decisão cabe ao compositor ou regente do coral e as pausas de hesitação não são aceitas.
Postura corporal
Falada: É variável, e as mudanças não interferem na produção da voz, sendo que a linguagem corporal também transmite uma mensagem.
Cantada: É menos variável e procura manter o equilíbrio do corpo, caso o cantor mude a postura constantemente, isso interfere na produção e qualidade vocal.
TUTORIAL 01
Estilos de voz cantada
Canto coral
É comum a procura pelo fonoaudiólogo por fadiga vocal , rouquidão e outros sinais de disfonia. Para isso, a atuação fonoaudiológica pode ser por orientação vocal global ( Para o grupo) e/ou atendimento individual.
Canto erudito
Os cantores conhecem a fisiologia da produção e a higiene vocal, por isso, eles têm consciência. No entanto, é comum que eles comentam abuso relacionado a voz falada.
Canto popular
Aqui inclui-se MPB, roque, samba, entre outros. Os ajustes fonatórios utilizados são próximos aos da fala e é comum que eles façam bastante abuso vocal e, geralmente, não conhecem sobre higiene vocal. O fonoaudiólogo deve trabalhar, além da orientação, com a resistência vocal.
Atuação do fonoaudiólogo, Otorrino e Cirurgião de cabeça e pescoço na disfonia
Fonoaudiólogo
É responsável por fazer anamnese, avaliação perceptiva e com software e também a terapia para melhora vocal.
Otorrino
É responsável por fazer o diagnóstico médico com o auxílio da laringoscopia- Podendo ser realizada com a fibra flexível ( via nasal) e rígida ( via oral).
Cirurgião de cabeça e pescoço
Tem atuação ligada a intervenção cirúrgica de alterações anatômicas ou histológicas.
Disfonias comportamentais e não comportamentais
Comportamentais
Alterações vocais que possuem relação com a má utilização da voz, ou seja, comportamentos que sobrecarregam o sistema. Podem ser primárias, secundárias- favorecidas por inadaptação vocal e por alterações psicogênicas.
Primárias:
Falta de conhecimento vocal: Seleciona ajustes que são impróprios para uma boa produção vocal e torna habitual
Modelo vocal deficiente: Na criança, tem relação com receber um padrão vocal inadequado e incorporar e no adulto com a imitação de vozes.
Secundárias:
Anatômica: Alterações nas estruturas que não tem impacto para as funções vitais, somente para fonação.
Funcional:
Por incordenação pneumofônica e deglutitória
Psicogênicas
São alterações psicológicas que causam impacto na produção vocal adequada.
Não comportamentais
Alterações nas estruturas sem relação com o comportamento vocal do indivíduo, pode ser alteração estrutural ( Lesão de massa, inflamação das pregas ), alteração neurológica ( Paralisia das pregas, doença de parkinson) e outros aspectos como refluxo esofágico.
Presbifonia
É o processo de envelhecimento da voz, que se inicia entre os 50 ou 55 anos de idade e que é potencializado pelo estilo de vida da pessoa. Existe atrofia das pregas vocais e a musculatura laríngea fica mais flácida, o que torna a voz rouca, trêmula e soprosa.
Laringe: Sofre ossificação, processo iniciado ao nascimento e completado por volta dos 65 anos de idade. E, também, ela vai sofrendo rebaixamento, o que promove diminuição do Pitch e as pregas vocais aumentam o tamanho.
Sistema respiratório: A musculatura respiratória diminui a capacidade se contrair, a caixa torácica fica mais " dura" e tem a perda tanto da elasticidade dos tecidos pulmonares quanto do volume de reserva inspiratório e expiratório.
Cavidade oral: Perda da elasticidade da mucosa e perda dos dentes.