Dialetologia
1.1 antecedentes históricos:
toda língua e um conjunto de variedades e essas variedades constituem-se em objeto de investigação de varias ciências. Assim, a sociolinguística estuda a relação entre a língua e a sociedade, a psicolinguística analisa a influencia que o individuo causa na língua, a linguística histórica estuda a relação que existe entre a língua e o tempo e a dialetologia analisa a relação existente entre a língua e o espaço geográfico.
Segundo Dubois: a língua nada mais e que um sistema de signos, cujo funcionamento e regido por muitas regras e coerções. Ela e o código que estabelece a relação de comunicação entre o receptor e o emissor.
Dialeto e uma forma de língua, usada num local restrito, que possui um sistema léxico, sintático e fonético próprio
Fala e um sistema de signos que define um quadro geográfico estreito e é, também, uma forma de língua usada por um determinado grupo social
Dialetologia e o estudo da língua, através de uma perspectiva espacial-geográfica, ou seja, estuda as particularidades linguísticas existentes na língua de diferentes regiões de um mesmo país. “o termo dialetologia usado as vezes como simples sinônimo de geografia linguística, designa a disciplina que assumiu a tarefa de descrever comparativamente os diferentes sistemas ou dialetos em que uma língua se diversifica no espaço, e de estabelecer-lhes os limites. Emprega-se também para descrição de falas tomadas isoladamente, sem referencias as falas vizinhas ou da mesma família.” DUBOIS (1978, P.185)
O termo dialetologia deriva de dialeto, que é a nomenclatura tradicional dada as línguas regionais. O estudo sobre os dialetos nasceu por volta do século XI. A partir dessa época, a dialetologia deixou de ser vista apenas como um estudo e passou a ser considerada uma ciência. O precursor e fundador dessa teoria e a linguística e dialetólogo italiano Graziadio isaia ascoli. Ele recebeu fortes influencias de linguísticas alemães, como Franz Bopp e Friedrich diez, cujos caminhos linguísticos seguiu.
Ascoli criou a dialetologia italiana, tornando-a uma ciência verdadeira e respeitada pelos demais linguísticas, também e considerado o fundador da dialetologia românica. Considerou o dialeto toscano como o mais puro, vindo direto do latim e o que menos recebeu influencias dos povos bárbaros. Dedicou-se também ao grupo dialetal franco-provençal, que, junto com o rético-ladino, foi incluindo entre as línguas românicas
1.2 História da dialetologia social:
Os estudos dialetológicos propriamente ditos iniciam-se num momento da história, século XIX, em que a individualidade geográfica de cada região estava resguardada, seja pelo isolamento decorrente da frágil rede de estradas, seja pela dificuldade de comunicação, seja, ainda pela inexistências de meios tecnológicos que permitissem a interação a distancia entre as diferentes áreas, mas resultam, principalmente, da preocupação com o resgate de dados e a documentação dos diferentes estágios da língua
Preliminarmente, há de considerar-se a ação inexorável do tempo como elemento responsável pelas transformações, pela substituição de estágios da língua, que se perdem, irremediavelmente, no curso da história. Fatos fonéticos-fonológicos, estruturas sintáticas, recurso morfológicos e variedades léxicos-semânticas, fenômenos linguísticos por natureza, mas com implicações com outros ramos do saber constituindo em decorrência da inter-relação que, com eles, podem apresentar, são resgatados e perenizados por uma ação de cunho dialectológicos.
2.1 trilhas seguidas:
Para a dialetologia, no seu espectro mais amplo, vem a ter dois marcos que imprimem as primeiras, e principais, diretrizes para trabalho de tal natureza: o levantamento de dados da realidade alemã feito por wenker e a recolha sistemática para o alta linguística da França. Gillieron e Edmont e Edmond.
2.2 os começos do caminho:
A dialetologia trata de tópicos com a divergência entre dois dialetos locais a partir de um ancestral comum, e sua variação sincrônica, descreve comparativamente os diferentes sistemas ou dialetos em que uma língua se diversifica no espaço e lhe estabelece seus limites.
Os dialetos preocupam-se primordialmente com as características gramaticas e fonologia que correspondem a determinadas áreas. Assim, costumam estudar populações que viveram em determinadas regiões por um período de diversas gerações. Bem como seus grupos migratórios que levaram seus idiomas a novas áreas. OBS: A linguística americana William labov e um dos mais celebres pesquisadores deste campo
A dialetologia e uma ciência eminentemente contextual, isto e, (...) o fato apurado num ponto geográfico ou numa área geográfica só ganha luz, força e sentido documentais na medida em que se preste ao confronto com o fato correspondente ainda que por ausência em outro ponto ou em outra área (Rossi, 1969. P 87-8)
2.3 Trilhas brasileiras:
No que diz respeito ao brasil, a geografia linguística tem sua primeira manifestação com um trabalho de cunho regional. O questionário linguístico usado nas localidades da Bahia e de poucas extensão e tem um total de 179 perguntas (numeradas de 1 a 64, mas com delas desdobradas em a, b, c), selecionadas a partir de material recolhido anteriormente em 4 localidades, onde foi aplicado um questionário experimental de cerca de 3600 itens.
Após a aplicação integral do questionário, não ouvidas certas respostas e já familiarizado, como estavam todos os inquéritos, com tais expressões regionais obtidas em outras áreas quando da aplicação do questionário amplo de caráter experimental.
O altas constitui-se de um conjunto de 209 cartas, na sua maioria onomasiológicas mas contando, também, com algumas cartas semasiológica, assim distribuídas: 198 cartas linguísticas, 44 das quais são resumos das cartas fonéticas, e 11 cartas introdutórias que fornecem dados complementares de caráter geral.
As cartas linguísticas vêm acompanhadas de notas que contem ou o discurso dos autores ou o discurso dos informantes, estas ultimas, sem dúvidas, as mais importantes pois ampliam os dados linguísticos não apenas sob o aspecto do léxico ou da fonética, mas, também, da morfossintaxe, e transmitem melhor o ambiente cultural em que vive o informante.
A esse conjunto de atlas regionais vem juntar-se, presentemente, o projeto atlas linguísticos do brasil projeto ALiB, iniciado em 1996, por ocasião do seminário caminhos e perspectivas para a geolingüística no brasil e dirigido por um comitê nacional constituído por Jacyra Andrade mota, Maria socorro silva e Aragão, Mário roberto lobuglio zagari, venderci de Andrade Aguilera, Walter Koch e Suzana Alice Marcelino Cardoso, que o preside. Fase projeto retoma a ideia de um altas linguístico geral do brasil, lançada em 1952 e não implementada até o século então.
2.4 mais uma trilha:
No que diz respeito a américa latina, em geral, merece destacar-se o altas linguísticos diatópico e diastrático do Uruguai (ADDU).
Reconhecem, no entanto, a amplitude da dimensão diafásica e por dela terem levado em consideração apenas uma porcion infinita, optaram por não incluir no título do projeto o termo “diafásico”.
2.5 As linhas gerais do caminho.
Esse breve caminho apresentado, em que ponho em destaque momentos, nomes e altas pinçados no curso da história dos estudos dialetais, tem uma intenção definida; mostrar de forma ilustrativa. Os degraus percorridos pela a dialetologia e os avanços graduais que o método geolingüística vem alcançando.
Com a identificação das diferenças espaciais, ponto de partida das pesquisas dialetais, somam-se, num processo de apuração e depuração do método, a priorização da recolha in loco dos dados, a busca dos elementos etnográficos complementares aos dados linguísticos e, finalmente, a inserção de variáveis sócias nos critérios de escolha dos informantes, capazes de torna mais explicitas as relação língua e sociedade, fatos linguísticos e fatos sócias, e trazer a juízo causas dantes não conhecidas.
2.6 Caminhos a seguir:
Uma rápida visão da realidade atual das comunidades linguísticas mostra as grandes transformações pelas as quais tem passado as relações entre os povos. Do isolamento semitotal, caminha-se para a quebra de limites e fronteiras, movida pelo avanço dos meios de comunicação, pela interligação constante entre os centros de povoamento, pelo deslocamento mais intenso dos habitantes de uma região para outra, pela redefiniçao da constituição demográfica, pela flutuação da população de cada área, estimulada pelos novos mecanismo de caráter econômico e social.
Logo de início, levanta “suspeita” sobre a mecânica imitação, dos procedimentos adotados pela a dialetologia na Europa, a qual me parece infundada. Na verdade o método finda por ser o mesmo, de um de outro lado do oceano, mas a sua aplicação reflete, necessariamente, a adaptação ao ambiente em que e posto em pratica.
Se na Europa, como na própria socióloga diz, os estudos dialetais ajudaram a resolver questões geográficas humana, nos países de surgimento mais recente, como no brasil, esse mesmo serviço também e prestado pela a dialetologia. A história dos povos será sempre a mesma, no sentido de fatos que se sucedem no curso do tempo; o corte, ou recorte, que os estudos dialetais permitem fazer para dar a sua contribuição ao entendimento desses fatos e que vai diferenciar-se entre um pais jovem e países de história milenar.
O caráter extensivo da dialetologia parece continuar evidente pois trará sempre um retrato das áreas consideradas, fazendo um diagnóstico da realidade da língua, mapeando-a na superfície: A investigação de cunho histórico, definição de áreas linguísticas, o estabelecimento de variáveis sócias.
A geolingüística, como a própria denominação lhe impõe e a natureza dos dados que busca reunir exige, permanece, na sua essência, diatópica sem, porém, descurar do aspecto multidimensional de que se reveste o ato de fala e de cuja consideração, no mundo atual, não se pode eximir.