Poesia do ortónimo
O fingimento artístico
O poeta mente
O poeta finge os sentimentos
1ªdor - dor sentida (coração)
2ªdor - dor evocada/passada para o papel (razão)
3ªdor - dor lida (razão)
4ªdor - dor sentida posteriormente pelo leitor (coração)
O poeta "filtra tudo através da inteligência e o texto é produto da imaginação."
A poesia é o resultado da intelectualização da emoção
ou seja, o peta finge os sentimentos através da razão, do pensamento
As emoções são trabalhadas
O coração entretém a razão, a emoção interage com a razão
"O poema torna-se, assim, uma construção de sentido e não uma construção sentida...", RAMOS, Auxília, e BRAGA, Zaida
ex: "Autopsicografia"; "Isto"
A dor de pensar
Ser inconsciente leva à infelicidade
Só se é feliz quando se é inconsciente
Sujeito poético deseja ser inconsciente, feliz, mas ter
consciência disso
Ambição impossível de ser conscientemente inconsciente - "Ter a tua alegre inconsciência,/E consciência disso"
Lucidez interfere para destruir
Intelectualização permanente
Sujeito poético é consciente da sua infelicidade
Inveja e deseja estado de inconsciência
ex: "A ceifeira"; "Gato que brincas na rua"
A dor, a frustração tomam conta do sujeito poético devido à constante intelctualização
Sonho e realidade
Sonho - local de paz e inconsciência, local de felicidade
A "ilha" representa os fatores externos; estes por si só não trazem felicidade, não curam a infelicidade
A felicidade tem de começar dentro de nós próprios, tem de vir do interior e não dos fatores externos - "É em nós que é tudo."
O sonho pode ser uma forma de evasão, refúgio, para o "eu" lírico, que se sente prisioneiro no interior de si mesmo
Indistinção entre estados ilusórios e reais - "Não sei se é sonho, se é realidade"
Realidade - local de infelicidade, angústia, frustração, desalento e tédio
No sonho tudo é possível, a plenitude é atingida, mas na realidade nada é atingido, acabando o "eu" por fazer uma introspeção, revelando desconhecimento perante si próprio
Fragmentação interior, identidade perdida - "Nunca me vi nem achei."
ex: "Não sei se é sonho, se é realidade"
A nostalgia da infância
Trata-se de uma saudade, de uma nostalgia imaginada
Infância desprovida de experiência biográfica
Infância resulta de um processo de intelectualização e é literalmente trabalhada
Constitui um símbolo de pureza, plenitude, inconsciência, sonho, felicidade, paraíso perdido - "E toda aquela infância/Que não tive me vem"
"Eu" lírico
Passado
Criança
Felicidade
Presente
Adulto
Infelicidade
ex: "Quando as crianças brincam"; "Pobre velha música!"
Fernando Pessoa
Segundo o sujeito poético, a única forma de atingir a felicidade é através da inconsciência.
A infância surge como época de inconsciência, logo a felicidade é possível.
O sonho funciona como evasão a uma realidade angustiante, onde tudo é realizável.
Opostamente, à felicidade advinda da infância e do sonho, surge a dor de pensar, a consciência, a realidade.
Assim, nasce a poesia do ortónimo, que o próprio apresenta como uma construção de sentido/fingimento artístico, ou seja, nos seus versos, a razão prevalece com tudo o que a ela está associada - o tédio existencial e a dor da consciência.