Freud relacionou o brincar infantil com uma linguagem que simbolizava o mundo interno da criança.
Melanie Klein e Anna Freud desenvolveram as primeiras sistematizações da técnica e do valor do jogo como instumento de investigação clínica.
Contato telefônico: A escuta diagnóstica inicia-se na ligação. O psicólogo deve estar atento a quem faz o contato, o motivo relatado para o contato, a maneira que o interlocutor se coloca ao telefone.
Marcação de entrevistas: Aberastury (1962/1986, p. 81) diz que “. . . quando os pais decidem consultar por um problema ou enfermidade de um filho, peço-lhes uma entrevista, advertindo que o filho não deve estar presente, mas sim ser informado da consulta”.
Outra conduta possível é permitir aos responsáveis que decidam como gostariam de realizar a primeira entrevista. Para isso, o psicólogo pode perguntar ao seu interlocutor, por telefone, em quem os pais estavam pensando para participar da primeira consulta. A decisão tomada pelos responsáveis já é alvo de análise por parte do profissional, uma vez que indica características da dinâmica do funcionamento familiar.
Após as entrevistas iniciais, sejam elas apenas com os pais, com a família ou só com a criança, pode-se realizar outras modalidades de entrevista, de acordo com a necessidade do processo avaliativo. Assim, agendam-se encontros entre as entrevistas com a criança, que podem ser com os pais, com a família, com babás, avós ou outras pessoas importantes na vida dela. Outra possibilidade é perguntar para a criança quem ela gostaria que participasse das sessões.
Em relação à frequência, sugerimos que as avaliações sejam feitas em encontros semanais. Pode-se, ainda, alternar entrevistas com pais e criança, realizando, assim, dois encontros na mesma semana. Vários atendimentos semanais ao longo do processo avaliativo podem ser úteis em situações em que o resultado do psicodiagnóstico seja urgente.
Cuidados com o sigilo das informações: Blinder e colaboradores (2011, p. 58) recomendam que:
. . . as entrevistas com os pais sejam comentadas e nunca ocultadas das crianças, esclarecendo que todo o material que apareça nas entrevistas com os mesmos se comentará com a criança, sempre e quando for um material que lhe interesse e lhe preocupe. Também pode acontecer nas entrevistas com os pais de aparecer determinados materiais que são exclusivos destes e também a eles se deve assegurar que se trata de temas secretos e que seu filho . . . não saberá nada sobre o assunto.
Yanof (2005/2006) lembra que o profissional precisa ser honesto com a criança sobre os encontros realizados com os pais e sua finalidade. Neles, o entrevistador irá traduzir o mundo interior da criança para os pais sem fornecer detalhes sobre as suas comunicações confidenciais.
Sigmund Freud
Fundamentação teórica
Anna Freud
Melanie Klein
A entrevista clínica é: Um conjunto de técnicas de investigação, conteúdo delimitado, dirigido por um entrevistador treinado, que utiliza conhecimentos psicológicos, em relação profissional, com o objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos ( indivíduo, casal, família, rede social), em um processo que visa a fazer recomendações, encaminhamentos ou propor algum tipo de investigação em benefício das pessoas entrevistadas. ( Tavares, 2000, p. 45)
Marcação de entrevistas: A maioria dos psicólogos realizam entrevistas primeiro com os pais para depois conhecer a criança pessoalmente. Sendo essa uma questão variável de acordo com cada profissional e as demandas.
A realização das primeiras entrevistas apenas com os pais é vantajosa por vários motivos. Entre eles, permite ao clínico ter um panorama da dificuldade enfrentada pela família e pela criança, conhecer a visão dos pais quanto ao filho e saber o que a criança gosta e rejeita. Essas informações mostram-se úteis para a preparação dos materiais a serem utilizados na entrevista lúdica, visando facilitar o ingresso da criança no setting de avaliação.
A primeira entrevista também pode ser realizada com os pais juntamente com a criança ou, ainda, com toda a família desde o início do processo. Postura semelhante é sugerida por Dolto, que realizava as entrevistas preliminares com a criança junto dos pais quando esta tinha até 7 ou 8 anos de idade.
Características do processo avaliativo de crianças: O número de encontros necessários para realizar a avaliação psicológica de uma criança varia muito. Alguns profissionais realizam todo o processo em quatro encontros, e outros necessitam de mais sessões. Não basta fazer apenas uma entrevista com a criança, pois alguns aspectos não se mostram aparentes no primeiro encontro. Estudo aponta que a quantidade média de encontros é sete, incluindo as entrevistas iniciais e devolutivas com pais, criança, família e outros participantes da avaliação (Krug, 2014).
O horário da sessão, o lugar, sua duração e os honorários são elementos do enquadre que devem permanecer o mais estáveis possível (Blinder et al., 2011), embora a conduta quanto ao pagamento das sessões se mostre mais flexível em relação a cada criança atendida. Geralmente são combinadas com os pais as formas de pagamento, que podem ser por sessão, por mês ou ao final do processo avaliativo.
Avaliações concomitantes: Um recurso comumente utilizado para auxiliar no processo de avaliação psicológica da criança é o seu encaminhamento para a realização concomitante de outras avaliações. O trabalho interdisciplinar é uma alternativa para ampliar o olhar sobre a situação da criança e ter mais dados para a complementação da avaliação psicológica em curso. Para isso, estabelecem-se parcerias de trabalho com pessoas de confiança, às quais se recorre toda vez que uma avaliação de outra área se fizer necessária.
Castro e colaboradores (2009) afirmam que o atendimento combinado com profissionais de outras áreas é recomendado quando se faz necessária uma avaliação mais complexa, abrangente e inclusiva, a fim de integrar dados referentes às condições médicas, cognitivas e sociais da criança avaliada. Para isso, recorre-se, segundo as autoras, ao trabalho de neurologistas, pediatras, psiquiatras infantis, fonoaudiólogos, psicopedagogos, entre outros.