INCLUSÃO E EDUCAÇÃO
A educação institucional às pessoas com deficiência inicia-se no Brasil no final do século XVIII e início do século XIX, tardiamente se comparada com o desenvolvimento educacional no país, onde, já em 1550, havia sido inaugurado o primeiro colégio jesuíta nacional. Em 1854, é criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos para a educação de pessoas com deficiência visual; sua criação é influenciada por José Álvares de Azevedo, que estudara em Paris no Instituto dos Jovens Cegos.
José Álvares de Azevedo
Trata-se de um brasileiro nascido cego no ano de 1834 e que, aos 10 anos de idade, viajou para a França, a fim de estudar no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris. Este jovem retorna ao Brasil em 1850 com o propósito de difundir o Sistema Braille e com o ideal de criar no Brasil uma escola semelhante à de Paris. (INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT, 1995) José Álvares de Azevedo escreveu e publicou na imprensa artigos sobre a possibilidade de estudo para as pessoas cegas, e foi o primeiro professor cego e o pioneiro na introdução do sistema Braille no país.
De acordo com o Instituto Benjamin Constant, mediante contato com o Dr. Xavier, José Álvares de Azevedo conseguiu realizar uma entrevista com D. Pedro II, na qual demonstrou que era possível a uma pessoa cega ler e escrever corretamente, apresentando, assim, a ideia da criação de uma escola, semelhante à de Paris, para pessoas cegas no Brasil. Embora José Álvares de Azevedo tivesse participado da organização da escola, que veio a ser inaugurada em 17 de setembro de 1854 com o nome de “Imperial Instituto dos Meninos Cegos”, no ato da inauguração seu idealizador não pôde estar presente, pois havia falecido seis meses antes de sua concretização.
Na Constituição Federal de 1988, é garantida a “educação como direito de todos” (art. 205) devendo ser ministrada com respeito aos seguintes princípios: i) “igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola”, ii) “liberdade de aprender” e “ensinar”. iii) “pluralismo de idéias e concepções pedagógicas” eiv) “garantia de padrão de qualidade” (art. 206), (BRASIL, 1999).
Considerando as diferentes necessidades pedagógicas de uma pessoa com deficiência visual, Reily (2004) enfatiza a não possibilidade de se adaptar um único material a todos os educandos com cegueira ou baixa visão. Para que ocorram as adaptações curriculares e pedagógicas, se faz necessário considerar em cada educando suas particularidades específicas e individuais. Diversos recursos encontram-se atrelados diretamente a um alto custo, ou acabam sendo recursos ainda inacessíveis a muitos alunos com deficiência.
A educação de pessoas com deficiência visual não se encontra à margem do cenário de exclusão social. Contudo, as práticas pedagógicas são fatores fundamentais para a determinação e condução do processo educacional. Para que as pessoas com deficiência visual possam aprender a ler e escrever foram utilizadas diferentes formas concretas de alfabeto para que elas pudessem perceber tatilmente. Porém, se trata de um sistema primitivo, que não atendia às necessidades práticas de escrita e leitura. Precisa-se de inovações e recursos que possibilitem esta aprendizagem.
Inclusão e exclusão, portanto, não são movimentos contraditórios e muito menos operam em operações de descarte. São práticas que agem no interior das relações – e para além das instituições – na definição da normalidade, da normatividade e da normalização.
Depois de os alunos considerados problemas serem encaminhados para diferentes especialistas – os quais, muitas vezes, atestam hiperatividade, déficit de atenção, dislexia, etc. –, a escola ganha elementos para afirmar que estão no indivíduo e não no sistema escolar os problemas para que a não-aprendizagem aconteça. Justificar a não-aprendizagem por razões alojadas no indivíduo não possibilita que a escola se reveja e repense o que ela vem produzindo através das verdades que circulam no currículo.
As crianças com deficiência visual também constroem conhecimento valendo-se dos sentidos remanescentes, principalmente do tato e da audição, para interagir com o meio físico e social. Sendo estes os principais sentidos que, na ausência do sentido da visão permite que à criança com deficiência visual possa reunir e associar informações, construir conceitos e produzir conhecimentos de maneira tão significativa, quanto significativas são as informações para as crianças que enxergam.
Na escola, tempo e espaço – somados às condições limitantes da aprendizagem atribuídas a alguns escolares – também se constituem como categorias definidas e utilizadas para determinar a aprendizagem e as posições ocupadas pelos alunos (Acorsi, 2005). Muitos são os pareceres pedagógicos que mostram tais categorias atuando fortemente na disposição dos sujeitos da aprendizagem.
Este vídeo é sensacional. Demonstra a sensibilidade, criatividade e igualdade, acredito que todos os profissional de Educação deveriam olhar qualquer criança desta maneira.
O MILAGRE DE ANNE SULLIVAN
O Filme é fantástico. Percebo através das cenas de 1979 os relatos e expectativas que ainda se repetem em 2014. O tratamento familiar e os recursos oferecidos para o desenvolvido e da criança são primordiais para sua aprendizagem.