TEMPORALIDADE

Obra: Sobre o conceito de história (1940)

“a história é objeto de uma construção, cujo lugar não é formado pelo tempo homogêneo e vazio, mas por aquele tempo que é saturado pelo tempo-de-agora (Jetztzeit)”(Teses, XIV, 2005, p. 119)

“a tradição dos oprimidos nos ensina que o ‘estado de exceção’ no qual vivemos é a regra”.
(Teses, VIII, 2005, p. 83)

O fascismo e o progresso coincidem com o “estado de
exceção”.não rompem com a opressão

O fascismo, neste sentido, precisa ser “desvendado” como fruto do progresso da modernidade, como o “estado de exceção” que se apresenta como regra,
como parte do continuum da história. Fazer a leitura correta da “regra” que
é vigente implica notar que este continuum é o de manutenção da opressão que produz as vítimas que ficam no caminho do cortejo triunfal do progresso.

IDEIA DE PROGRESSO

Benjamin é crítico da ideia de Progresso, sobretudo aquela ideia da Social-democracia, que afirma primeiro um progresso da humanidade, e em seguida, um progresso interminável, da perfectibilidade infinita, uma especie de progresso seguindo um trajeto em espital ou linha reta.

A REVOLUÇÃO SERÁ A INTERRUPÇÃO DO PROGRESSO

Benjamin diz: “Marx havia dito
que as revoluções são a locomotiva da história mundial. Mas talvez as coisas se apresentem de maneira completamente diferente. É possível que as revoluções sejam o ato, pela humanidade que viaja nesse trem, de puxar os freios de
emergência” (Ms 1100, apud Löwy, 2005, p. 93-94).

Subtópico

A oposição ao progresso aparece na ideia de catástrofe. "o que é progresso para uns, os vencedores, é catástrofe para outros, os vencidos". A catástrofe é a expressão de que não há continuidade linear.

“a catástrofe é o progresso, o progresso é a
catástrofe. A catástrofe como o continuum da história”

A ideia de progresso carrega consigo uma compreensão de tempo homogêneo, vazio, mecânico, o que leva a uma abordagem linear e
meramente quantitativa. Tudo é entendido como automático, contínuo, infinito, cumulativo,

Experiencia do tempo-de-agora (Jetztzeit)

NÃO COMO A IDEIA PROGRESSISTA, DE UMA EXPERIENCIA DO PASSADO QUE ABRE O FUTURO.

MAS COMO URGÊNCIA HISTÓRICA, QUE SITUA A NECESSIDADE DE RETOMAR A PRÓPRIO ENCARGO, O PASSADO E O FUTURO. (REDENÇÃO, NÃO INDIVIDUAL, MAS COLETIVA).

O tempo-de-agora (Jetztzeit) corta a noção de progresso
linear por indicar a possibilidade de um instante autêntico e
inovador capaz de interromper o continuum homogêneo da
história.

Jetztzeit faz sentido como memória do passado, memória das vítimas, da opressão.

E como abertura para o futuro, a superação da opressão

O passado “tem de ser capturado”, mas ele é “uma imagem irresistível”, que “passa célere e furtiva”; uma luz que “lampeja justamente no instante de sua recognoscibilidade, para nunca
mais ser vista”, que “ameaça desaparecer com cada presente que
não se reconhece como nela visado” (Teses V, 2005, p. 62).

Articular o passado historicamente não significa conhecê-lo ‘tal como ele propriamente foi’. Significa apoderar-se de uma lembrança tal como ela lampeja num instante de perigo” (Teses, VI, 2005, p. 65). Significa que ele “tornou-se citável” (Teses, III,2005, p. 54) e só se pode citar o que tiver testemunho.

HISTÓRIA

ACEDIA

É O MÉTODO DA EMPATIA, SUA ORIGEM É A INÉRCIA DO CORAÇÃO, A ACEDIA, QUE DESESPERA DE PROPRIAR-SE DA VERDADEIRA IMAGEM HISTÓRICA, EM SEU RELAMPEJAR FUGAZ

PARA OS TEÓLOGOS MEDIEVAIS , A ACEDIA É O PRIMEIRO FUNDAMENTO DA TRISTEZA. TRISTEZA, POIS O INVESTIGADOR HISTORICISTA TEM EMPATIA COM O "VENCEDOR".

BENJAMIN RECUSA ESSE MÉTODO, POIS LEVA A UMA SUBMISSÃO AO PASSSADO E UMA IDENTIFICAÇÃO AFETIVA COM OS VENCEDORES.

ESCOVAR A HISTÓRIA A"CONTRA-PELO"

OBSERVADOR CRÍTICO, DISTANCIADO

SIGNIFICADO HISTÓRICO

No sentido histórico aponta para a necessidade de superação da
postura servil e reprodutivista, onde a tradição triunfal nega a tradição dos orpimidos.

"Nunca há um documento da cultura, que não seja, um documento de barbárie".

SIGNIFICADO POLÍTICO

No sentido político há a mensagem de que mudar o“sentido da história”, seu rumo inevitável, sua perspectiva de
progresso linear, exige lutar “contra a corrente”, de modo a interromper a permanência da opressão, da barbárie (Cf. Löwy,2005, p. 74).