Animais Peçonhentos
CONCEITOS
ANIMAL PEÇONHENTO
Possui veneno e um aparelho inoculador (presa ou ferrão)de veneno.
são exclusivamente de origem animal
ANIMAL VENENOSO
Possui substância tóxica na sua constituição e intoxica quemo ingerir.
podem ser de origem animal, vegetal ou mineral
Acidentes
Escorpiônicos
Escorpionismo
•Importância por freqüência e gravidade em
crianças.(Tityus serrulatus).
•Notificações por 50% do total: MG, SP.
• Principais:T. serrulatus, T.bahiensis, T.stigmurus.
• Lugares da picada: membros superiores 65%.
•Animais carnívoros, insetos, hábitos noturnos.
• Podem sobreviver vários meses sem alimento e
água.
•Tityus serrulatus
Serrilha dorsal nos dois
últimos segmentos.
Mede de 6 cm a 7 cm.
•Distribuição geográfica:
Bahia, Espírito Santo,
Goiás, Minas Gerais,
Paraná, Rio de Janeiro e
São Paulo.
• Tityus bahiensis
marrom-escuro, patas e
pedipalpos com manchas
escuras.Mede de 6 cm a 7 cm
•Distribuição geográfica:
Goiás, São Paulo, Mato
Grosso do Sul, Minas
Gerais, Paraná, Rio Grande
do Sul e Santa Catarina.
• Tityus stigmurus
amarelo-escuro,triângulo
negro no cefalotórax, uma
faixa escura longitudinal
mediana e manchas laterais
escuras nos tergitos.Mede
de 6 cm a 7 cm.
•Distribuição geográfica:
Nordeste do Brasil.
Tityus cambridgei
Tronco e pernas
escuros, quase negros
Mede cerca de 8,5 cm
Distribuição geográfica:
região Amazônica.
Tityus metuendus
Vermelho-escuro, quase negro
patas com manchas amareladas; apresentando um espessamento dos últimos dois
artículos.Mede de 6 cm a 7 cm
Distribuição geográfica:
Amazonas, Acre e Pará.
•Tityus fasciolatus
Listrado amarelo e preto.
Mede de 4 cm a 8,5 cm
•Distribuição
geográfica:
Goiás e DF.
Ações do veneno
•Dor local.
• Efeitos complexos nos canais de sódio,
•Despolarização da terminações nervosas pós
ganglionares.
• Liberação de catecolaminas e acetilcilina
• Efeitos simpáticos e parasimpáticos.
Quadro clínico
•Dor local e parestesias
•Sistêmicas:
-Gerais:hipo ou hipertermia e sudorese
-Digestivas: náuseas , vômitos, sialorréia.
-Respi: taquidispnéia, edema pulmonar agudo
-Neur: agitação, sonolência, confusão mental.
Classificação
Leves: dor local e parestesias
•Moderada: dor intensa e manifestações sistêmicas
•Graves: Sudorese profunda, salivação, vômitos
incoercíveis,agitação, prostração, insuficiência
cardíaca, edema pulmonar, choque, convulsões e
coma.
Exames complementares
eletro,elisa, glicose e
amilase elevados, leucositose, hipopotassemia, hiponatremia.Rx de tórax
Tratamento
Sintomático: Consiste no alívio da dor
Específico: Consiste na administração i.v. de soro
antiescorpiônico (SAEEs) ou antiaracnídico (SAAr)
nos casos moderados e graves.
•Manutenção das funções vitais: Controle da função
cardíaca e uso de respiração artificial em casos de
edema pulmonar agudo.
Acidentes
Araneísmo
•Gênero
•Phoneutria
• Loxosceles
• Latrodectus
Phoneutria
Características epidemiológicas
▪Sazonalidade: incidência aumenta nos meses de abril
e maio (Sul e Sudeste)
▪Região anatômica da picada: predomínio em
extremidades
▪Intervalo entre picada e atendimento: início precoce
dos sintomas
▪Circunstâncias do acidente: calçando, limpando
jardim, manuseando frutas/legumes
Mecanismo de ação do veneno de
Phoneutria
Ativação de canais de Na+
Despolarização de terminações nervosas:
•Sensitivas
•Motoras
•SNA {Simpático ,Parassimpático}
Quadro clínico
LEVE
Dor, eritema, edema, sudorese
local
Tratamento
Sintomáticos
MODERADO
Alterações locais + sistêmicas:
Agitação, sudorese, náuseas,
vômitos, hipertensão arterial,
taquicardia, taquipnéia.
Tratamento
SAA
2 - 4 amp. EV
GRAVE
Alterações locais + sistêmicas:
Vômitos profusos, sialorréia,
sudorese profusa, agitação,
tremores, hipertonia muscular ,
priapismo, choque, edema agudo
de pulmaõ
Tratamento
SAA
5 - 10 amp. EV
Loxosceles
Características epidemiológicas
▪Sazonalidade: meses quentes (Sul e Sudeste)
▪Região anatômica da picada: predomina em regiões
centrais
▪Intervalo entre picada e atendimento: aparecimento
dos sintomas tende a ser mais tardio
▪Circunstâncias do acidente: vestindo, dormindo
Formas clínicas
Forma cutânea
- edema local endurado
- dor local
- equimose,
isquemia
- vesícula, bolha
- necrose
Forma cutâneo-hemolítica
- hemólise intravascular
- CIVD
- IRA
Manifestações gerais
• febre
• mal-estar
• exantema
Tratamento
Corticosteróide: prednisona - 1mg/kg/d por 5 dias
Latrodectus
Quadro clínico
LEVE
-Local: dor, edema, sudorese
-Dor MMII, parestesia
membros,tremores, contraturas
Tratamento
analgésicos,
observação
MODERADO
Anteriores +Dor abdominal, sudorese generalizada,
ansiedade/agitação, mialgia, dificuldade de deambulação, cefaléia, tontura, hipertermia
Tratamento
analgésico,
sedativos
.Específico: SALatr 1 amp
GRAVE
Todos acima e:Taqui/bradicardia, hipertensão
arterial,taqui/dispnéia, náuseas/vômitos, priapismo, retenção
urinária
Tratamento
analgésico,
sedativos
Específico: SALatr 1 a 2
amp
Prevenção dos acidentes por aranhas
•Evitar folhagens densas junto a paredes e muros das casa;
•Usar calçados e luvas;
•Sacudir sapatos e roupas antes de
usá-los;
•Tampar buracos e frestas de paredes, janelas, portas e
rodapés
ACIDENTES COM ANIMAISPEÇONHENTOS NO BRASIL
1986 foi implantado no Brasil o ProgramaNacional de Controle de Acidentes por AnimaisPeçonhentos.
Notificação passou a ser obrigatória de acidentes por:serpentesEscorpiõesAranhasInsetos (com as abelhas e as lagartas) e acidentes por animais aquáticos.
Portaria 2.472 publicada 01/09 de 2010 –Ampliação da lista de notificação compulsória
ACIDENTES OFÍDICOS
CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS
➢Idade: adultos jovens➢Sexo: masculino➢Sazonalidade: de acordo com a região➢Procedência: zona ruralo
Identificação das serpentes peçonhentas
Dentição opistóglifa Dentição proteróglifaDentição solenóglifa Cauda lisaCauda com escamaseriçadas Cauda com chocalho
GÊNERO BOTHROPS
Nome popular
Jararaca, jararacuçu, urutu-cruzeiro, caiçaca, jararaca- do-norte,ouriçana, malha de sapo, patrona, combóia, surucucurana, entre outras.
Encontradas em áreas mais limitadas, como as áreas de mata,ambientes úmidos,
90% dos acidentes no Brasil
Acidente botrópico (Jararaca)
Quadro clínico
Local
➢ Processo inflamatório agudo
➢ Dor
➢ Hemorragia
➢ Complicações locais:
• Bolhas
• Necrose
• Abscesso
• Síndrome compartimental
• Limitação de movimentos
• Amputação
Sistêmico
➢ Incoagulabilidade sanguínea
➢ Sangramentos
(gengivorragia, equimoses,
hematúria)
Nos casos graves:
➢ Hipotensão arterial e choque
➢ Hemorragia intensa
➢ Insuficiência renal
➢ Edema extenso
Intervenções erradas!
◼ Torniquete: diminuição da perfusão, concentração do veneno na região
distal ao torniquete, maior destruição tecidual.
◼ Sucção: contaminação do local da picada, intensificação de efeitos isquêmicos,
◼ Incisão: aumenta via de acesso de microorganismos
Exames Complementares
Coagulação: Tempo de Coagulação aumentado
Plaquetopenia pode ocorrer
• Hemograma: Leucocitose c/ Ne e desvio à esquerda
• Uréia, Creatinina, CK
Tratamento geral
Manter estendido o segmento (membro) picado.
Medicamentos:
◼ Analgésicos
*Antibioticoterapia
Debridamento cirúrgico: quando a
área necrótica
Aspiração do conteúdo de bolhas: tem sido observado
presença do veneno, sendo recomendado a aspiração
deste conteúdo em condições adequadas de antissepsia.
Fasciotomia: minimizar déficits de função do membro
pela imediata restauração do fluxo sanguíneo local.
Profilaxia do tétano
Acidente brotópico (Cascavel)
As cascavéis encontradas em áreas abertas e secas
9% dos acidentes no Brasil
Quadro Clínico
•LOCAL:
✓Edema discreto, parestesia
•SISTÊMICO:
✓Facies miastênica: ptose palpebral, flacidez dos
músculos da face, oftalmoplegia
✓Turvação visual, diplopia, miose/midríase
✓Alteração do olfato, paladar
✓Mialgia generalizada, urina escura
✓Sangramento discreto: gengivorragia, equimose
•Complicações:
▪Insuficiência Respiratória: paralisia dos
mm. da caixa torácica
▪Insuficiência Renal Aguda: mioglobinúria
Exames Complementares
•Tempo de Coagulação: alterado em 40%
• CPK, DHL, TGO
• HMG: Leu c/ Ne
• U, C, Ac. Úrico, K, Fósforo; Ca
ACIDENTES OFÍDICOS
-CROTALUS
Tratamento geral
Hidratação adequada, com controle e balanço hídrico.
• Manter PH urinário acima de 6,5.
Complicações
Locais: raras
Sistêmicas: Insuficiência renal aguda com necrose
tubular, geralmente nas primeiras 48 hs(precipitação intratubular de mioglobina, oligúria e
urina ácida são potencializadores para necrose
tubular).
Acidente laquético (Surucucu)
Poucos acidentes relatados
Áreas florestais
Quadro Clínico
➢LOCAL: dor, edema, eritema, equimose, bolhas
➢SISTÊMICO: alteração de coagulação
hipotensão arterial, bradicardia cólica abdominal,
diarréia
Complicações: infecção secundária, necrose, déficit
funcional, síndrome compartimental.
Acidente elapídico ou Micrurus (Coral-Verdadeira)
0,4% dos acidentes no Brasil.
Evolui para insuficiência
respiratória aguda.
ACIDENTES OFÍDICOS
GÊNERO MICRURUS – 22
espécies
Popularmente conhecida por coral, coral verdadeira ou boicorá, pode medir cerca de 1m.
Apresentam anéis vermelhos, pretos e brancos em qualquer tipo de combinação.
Todos os casos de acidente por coral com manifestações
clínicas devem ser considerados como potencialmente
graves. Ficar atento a assistência respiratória precoce.
Medidas iniciais prévias a soroterapia
◼ Manter paciente em repouso evitando deambulação e
tranquilizá-lo
◼ Monitorar sinais vitais e controlar volume urinário
◼ Limpar cuidadosamente o local da ferida sem fazer
curativo oclusivo
Cuidados de
Enfermagem
A dose utilizada independe:
• do peso
• idade do paciente
• (objetivo do tratamento é neutralizar a maior quantidade
possível de veneno circulante).
intravenosa (IV) e o soro diluído ou não deve ser
infundido em 20 a 60 minutos.
• No caso de soro antilatrodectus, a via de
administração recomendada é a via intramuscular
(IM).
REAÇÕES DA SOROTERAPIA
REAÇÕES PRECOCES:
Urticária, tremores, tosse, náuseas, dor abdominal,
prurido e rubor facial, raramente reações semelhantes as reações anafilácticas
Medidas para prevenção/redução
das reações precoces
Diluição
• pré-medicação
Anti-histamínicos
bloqueador H1
prometazina
dextroclorfeniramina
difenidramina
bloqueador H2
cimetidina
ranitidina
corticosteróides
Tratamento das reações precoces
Suspender temporariamente a soroterapia
Adrenalina (1:1000) – diluída a 1:10 na dose de 0,1 ml/kg, até 3,0 ml
por via IV, repetir se necessário até três vezes com intervalos de 5
minutos.0,1 ml/kg, até 3,0 ml
Hidrocortisona - 30 mg/kg IV com dose máxima de 1000 mg.
Prometazina - 0,5 mg/kg IV com dose máxima de 25 mg.
Expansão da volemia - SF ou solução de Ringer lactato 20 ml/kg peso.
Observar dosagem infantil.
crise asmatiforme: bronco-dilatador b2, tipo fenoterol
aminofilina 3-5 mg/kg/dose iv 6/6h
REAÇÕES TARDIAS:
Doença do soro, (lesões urticariformes generalizadas) ocorrem de cinco a 24 dias após o uso da SAV
FATORES QUE FAVORECEM O APARECIMENTO DAS
REAÇÕES:
Dose, concentração de proteínas e imunoglobulinas,
velocidade de infusão, Sensibilização à proteína de soro de
cavalo (por utilização prévia de algum tipo de soro
heterólogo), Tipo de antiveneno, Via de administração.
Quadro Clínico
•LOCAL
✓Parestesia
•SISTÊMICO
✓vômitos
✓facies miastênica : ptose palpebral, flacidez dos
músculos da face, oftalmoplegia
✓Turvação visual, diplopia, miose/midríase
✓Dificuldade para deglutição
COMPLICAÇÃO : INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA
Tratamento Específico
O soro antielapídico (SAE) deve ser administrado na dose
de 10 ampolas, pela via intravenosa.
10 ml de soro neutraliza 15 mg do veneno
Tratamento geral
Tratamento de suporte (Máscara e BVM (AMBU), intubação
traqueal ou até mesmo ventilação mecânica).
Atropina – 0,5 mg IV
Neostigmina (anticolinesterásico) - 0,05 mg/kg,
sempre precedida da administração de atropina
Mecanismo de ação dos venenos ofídicos
VENENO
Botrópico
ATIVIDADE•inflamatória•coagulante•hemorrágica
EFEITO LOCAL•necrose tecidual•lesão endotelial
EFEITO SISTÊMICO•liberação de mediadoresinflamatórios e subst.vasoativas•ativação da coagulação•lesão endotelial
Laquético
ATIVIDADE•inflamatória•coagulante•hemorrágica•“neurotóxica”
EFEITO LOCAL•necrose tecidual•lesão endotelial
EFEITO SISTÊMICO•liberação de mediadoresinflamatórios e subst.vasoativas•ativação da coagulação•lesão endotelial•estimulação vagal
Crotálico
ATIVIDADE•miotóxico•coagulanteneurotóxico
EFEITO LOCAL•ausente
EFEITO SISTÊMICO•bloqueio neuromuscular•rabdomiólise•ativação da coagulação
Elapídico
ATIVIDADE•neurotóxico
EFEITO LOCAL•ausente
EFEITO SISTÊMICO•bloqueio neuromuscular
Acidentes com Abelhas e vespas
Composição dos Venenos de Abelhas
Fosfolipase
Hialuronidase
Fosfatase ácida
Melitina
Apamina
Peptídeo MCD
Cardioprep
Composição dos Venos de Vespas
Fosfolipase
Hialuronidase
Fosfatase ácida
Mastoparanos
P.Quimiotáticos
Cininas
Reaçõs Alérgicas
•Reação Local Extensa →
✓Edema maior que 10cm de diâmetro, em geral com
pico em 48 h, persistindo por alguns dias;
✓Antinflamatórios, antihistamínicos, e corticóides
sistêmicos eventualmente;
•Reação Alérgica Sistêmica →
✓Sintomas de anafilaxia;
✓Tratamento da anafilaxia, medidas reventivas,
considerar imunoterapia (encaminhar para o especialista
em alergologia)..
Reações Tóxicas
•Reação Tóxica Local →
✓Dor, eritema e edema não muito intensos que persistem por algumas
horas;
✓Analgésicos, compressas frias, retirada do ferrão (quando presente);
•Reação Tóxica Sistêmica →
✓Múltiplas picadas (> 100)
✓Prurido, rubor, urticária, taquicardia, sudorese, febre;
✓Hipotensão, cefaléia, náuseas e/ou vômitos, cólicas abdominais,
broncoespasmo, choque e insuficiência respiratória aguda;
✓Rabdomiólise, hemólise e IRA;
✓Outras alterações: necrose hepática, trombocitopenia, lesão
miocárdica, coagulopatias, convulsões, arritmias cardíacas;
✓Terapêutica apropriada conforme quadro clínico;