A entrevista lúdica diagnóstica é um processo clínico que envolve a interação entre um entrevistador treinado e os pais de uma criança que enfrenta problemas ou enfermidades. Segundo Aberastury, é importante que a criança seja informada sobre a consulta, mas não esteja presente na entrevista inicial.
Castro e colaboradores (2009) afirmam que o atendimento
combinado com profissionais de outras áreas é recomendado
quando se faz necessária uma avaliação mais complexa,
abrangente e inclusiva, a fim de integrar dados referentes às
condições médicas, cognitivas e sociais da criança avaliada.
Para isso, recorre-se, segundo as autoras, ao trabalho de
neurologistas, pediatras, psiquiatras infantis, fonoaudiólogos,
psicopedagogos, entre outros.
Avaliações concomitantes:
Um recurso comumente utilizado para auxiliar no processo
de avaliação psicológica da criança é o seu encaminhamento
para a realização concomitante de outras avaliações. O
trabalho interdisciplinar é uma alternativa para ampliar o
olhar sobre a situação da criança e ter mais dados para a
complementação da avaliação psicológica em curso. Para
isso, estabelecem-se parcerias de trabalho com pessoas de
confiança, às quais se recorre toda vez que uma avaliação de
outra área se fizer necessária.
O horário da sessão, o lugar, sua duração e os
honorários são elementos do enquadre que devem
permanecer o mais estáveis possível (Blinder et al.,
2011), embora a conduta quanto ao pagamento das
sessões se mostre mais flexível em relação a cada
criança atendida. Geralmente são combinadas com
os pais as formas de pagamento, que podem ser por
sessão, por mês ou ao final do processo avaliativo.
Características do processo avaliativo de crianças: O número de
encontros necessários para realizar a avaliação psicológica de
uma criança varia muito. Alguns profissionais realizam todo o
processo em quatro encontros, e outros necessitam de mais
sessões. Não basta fazer apenas uma entrevista com a criança,
pois alguns aspectos não se mostram aparentes no primeiro
encontro. Estudo aponta que a quantidade média de encontros é
sete, incluindo as entrevistas iniciais e devolutivas com pais,
criança, família e outros participantes da avaliação (Krug, 2014).
A primeira entrevista também pode ser
realizada com os pais juntamente com a
criança ou, ainda, com toda a família desde
o início do processo. Postura semelhante é
sugerida por Dolto, que realizava as
entrevistas preliminares com a criança junto
dos pais quando esta tinha até 7 ou 8 anos
de idade.
A realização das primeiras entrevistas apenas com os pais é
vantajosa por vários motivos. Entre eles, permite ao clínico ter
um panorama da dificuldade enfrentada pela família e pela
criança, conhecer a visão dos pais quanto ao filho e saber o
que a criança gosta e rejeita. Essas informações mostram-se
úteis para a preparação dos materiais a serem utilizados na
entrevista lúdica, visando facilitar o ingresso da criança no
setting de avaliação.
Marcação de entrevistas: A
maioria dos psicólogos realizam
entrevistas primeiro com os pais
para depois conhecer a criança
pessoalmente. Sendo essa uma
questão variável de acordo com
cada profissional e as demandas.
A entrevista clínica é: Um conjunto de técnicas de investigação,
conteúdo delimitado, dirigido por um entrevistador treinado, que
utiliza conhecimentos psicológicos, em relação profissional, com o
objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou
sistêmicos ( indivíduo, casal, família, rede social), em um processo
que visa a fazer recomendações, encaminhamentos ou propor
algum tipo de investigação em benefício das pessoas
entrevistadas. ( Tavares, 2000, p. 45)
Melanie Klein
Anna Freud
Fundamentação teórica
Sigmund Freud
Yanof (2005/2006) lembra que o
profissional precisa ser honesto com a
criança sobre os encontros realizados
com os pais e sua finalidade. Neles, o
entrevistador irá traduzir o mundo
interior da criança para os pais sem
fornecer detalhes sobre as suas
comunicações confidenciais.
Cuidados com o sigilo das informações: Blinder e
colaboradores (2011, p. 58) recomendam que:
. . . as entrevistas com os pais sejam comentadas e nunca
ocultadas das crianças, esclarecendo que todo o material que
apareça nas entrevistas com os mesmos se comentará com a
criança, sempre e quando for um material que lhe interesse e
lhe preocupe. Também pode acontecer nas entrevistas com os
pais de aparecer determinados materiais que são exclusivos
destes e também a eles se deve assegurar que se trata de
temas secretos e que seu filho . . . não saberá nada sobre o
assunto.
Em relação à frequência, sugerimos que as
avaliações sejam feitas em encontros semanais.
Pode-se, ainda, alternar entrevistas com pais e
criança, realizando, assim, dois encontros na
mesma semana. Vários atendimentos semanais ao
longo do processo avaliativo podem ser úteis em
situações em que o resultado do psicodiagnóstico
seja urgente.
Após as entrevistas iniciais, sejam elas apenas com os pais,
com a família ou só com a criança, pode-se realizar outras
modalidades de entrevista, de acordo com a necessidade
do processo avaliativo. Assim, agendam-se encontros entre
as entrevistas com a criança, que podem ser com os pais,
com a família, com babás, avós ou outras pessoas
importantes na vida dela. Outra possibilidade é perguntar
para a criança quem ela gostaria que participasse das
sessões.
Outra conduta possível é permitir aos responsáveis
que decidam como gostariam de realizar a primeira
entrevista. Para isso, o psicólogo pode perguntar ao
seu interlocutor, por telefone, em quem os pais
estavam pensando para participar da primeira
consulta. A decisão tomada pelos responsáveis já é
alvo de análise por parte do profissional, uma vez
que indica características da dinâmica do
funcionamento familiar.
Marcação de entrevistas: Aberastury
(1962/1986, p. 81) diz que “. . . quando
os pais decidem consultar por um
problema ou enfermidade de um filho,
peço-lhes uma entrevista, advertindo
que o filho não deve estar presente, mas
sim ser informado da consulta”.
Contato telefônico: A escuta
diagnóstica inicia-se na ligação. O
psicólogo deve estar atento a quem
faz o contato, o motivo relatado para
o contato, a maneira que o
interlocutor se coloca ao telefone.
Melanie Klein e Anna Freud
desenvolveram as primeiras
sistematizações da técnica e
do valor do jogo como
instumento de investigação
clínica.
Freud relacionou o brincar
infantil com uma linguagem
que simbolizava o mundo
interno da criança.