EMERGÊNCIA EM ENDODONTIA
Aline Carla Frota
Atribuições do Cirurgião Dentista
Alivio da dor do paciente
Intervenção endodôntica
Alivio imediato dos sintomas
Emergência x Urgência
Urgência
Não apresenta condição séria que necessite de intervenção imediata
Emergência
Necessita de intervenção imediata para o reestabelecimento do conforto do paciente
PERGUNTAS PERTINENTES:
Seu problema está interferindo em seu sono, alimentação, trabalho, concentração e em
outras atividades diárias?
Uma emergência verdadeira rompe o equilíbrio do paciente e o impede de executar
atividades rotineiras.
Há quanto tempo este problema o aflige?
Uma emergência verdadeira raramente dura mais do que 2 a 3 dias, que é o período
normal do curso de uma resposta inflamatória aguda.
Você precisou tomar algum medicamento para aliviar a dor? Ele foi eficaz?
Dificilmente, o emprego de analgésicos alivia a dor associada a uma emergência
verdadeira.
DOENÇAS
Hipersensibilidade Dentinária
Dor aguda, fugaz e localizada
Provocada após estímulos mecânicos, osmóticos, térmicos e
bacterianos
Associada à recessão gengival
10% dos
pacientes, promove exposição dentinária na região cervical do dente.
Pulpite Reversível
presente, a dor é semelhante à descrita para a hipersensibilidade dentinária.
Os
exames revelam cárie profunda e/ou recidivante, restaurações extensas, recentes ou
fraturadas.
Não há exposição pulpar.
Pulpite Irreversível
A ocorrência de dor em casos de pulpite irreversível não é regra, mas sim exceção.
uma polpa está inflamada, irreversivelmente, quando há
exposição dela por cárie e/ou o dente apresenta dor severa, contínua, excruciante, fastidiosa,
espontânea e, às vezes, difusa.
paciente comumente relata uso de analgésicos, o qual pode
ou não ser eficaz, dependendo do estágio da inflamação.
Em alguns casos raros, pode haver
dor à percussão.
Tópico principal
DIAGNÓSTICO
Anamnese
Exame físico, testes de vitalidade pulpar, testes perirradiculares e sondagem periodontal.
Exame radiográfico e tomografia computadorizada.
TRATAMENTO
DOR DE ORIGEM PULPAR
Pulpite Reversivel
Remoção do tecido cariado ou restauração defeituosa
aplicação de curativo com cimento à
base de óxido de zinco e eugenol
é conveniente aplicar um forro com
cimento de hidróxido de cálcio e selar a cavidade com cimento de ionômero de vidro.
Após
uma a duas semanas, se o dente estiver assintomático, a restauração definitiva pode então ser
aplicada.
Pulpite Irreversível
1° OPÇÃO
(há tempo disponível)
Preparo inicial: anestesia (Cap. 6-2); raspagem e polimento coronário; isolamento absoluto;
descontaminação do campo operatório com hipoclorito de sódio (NaOCl) a 2,5%,
clorexidina a 2%ou álcool iodado a 2%; e acesso à câmara pulpar
Exploração do canal e obtenção do comprimento de trabalho (CT). Durante a exploração
de canais mais amplos, a polpa deve ser deslocada das paredes dentinárias pela ação
do instrumento.
Pulpectomia em canais amplos com instrumentos farpados, como as limas rabo de rato ou
extirpa-nervos (Figs. 20-5). Esses instrumentos, selecionados de acordo com o diâmetro
do canal, não devem sofrer resistência das paredes da dentina quando introduzidos até
próximo do CT. Nesta posição, o extirpa-nervos deve ser girado no sentido horário,
aprisionando a polpa em suas farpas, sendo em seguida retirado do canal. Se a polpa
não for removida inteira, os passos descritos são repetidos. Às vezes, a polpa é removida
por fragmentos. Limas Hedström também podem ser usadas para a remoção da polpa.
Em canais atrésicos e/ou curvos, não são utilizados instrumentos farpados: a polpa é
removida por fragmentação durante a instrumentação.
Completo preparo químico-mecânico.
• Se não houver dor à percussão, realiza-se a obturação do canal radicular, porque quando
não há dor à percussão, a inflamação está restrita à polpa, que será extirpada em sua
totalidade. Se por qualquer limitação (tempo, habilidade do operador, anatomia, dor à
percussão), houver necessidade de uma consulta adicional, deve-se aplicar uma
medicação intracanal com pasta de hidróxido de cálcio associado a um veículo inerte
(glicerina, soro fisiológico, água destilada ou anestésico), preenchendo toda a extensão
do canal.
• Selamento coronário com cimento temporário.
2aOpção (limitações de tempo, habilidade do operador ou problemas anatômicos):
• Dentes unirradiculares: pulpectomia e medicação com corticosteroide (p. ex., Decadron®
colírio ou Otosporin® – Capítulo 15).
• Dentes multirradiculares: pulpectomia do canal mais amplo (distal, nos molares inferiores e,
palatino, nos molares superiores) ou apenas pulpotomia (quando o tempo disponível para
atendimento for muito curto). Medicação com corticosteroide (Decadron colírio ou
Otosporin).
• Selamento coronário com cimento temporário e prescrição de analgésico/anti-inflamatório.
O medicamento indicado é o Ibuprofeno de 400 a 600 mg, de 6 em 6 horas por 1 ou 2
dias. Para pacientes com intolerância a anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs),
recomenda-se o acetaminofeno (paracetamol) de 650 a 1.000 mg.
2
Pulpotomia ou Tratamento endodôntico
Hipersensibilidade Dentinária
dentifrício com agente dessensibilizador (sais de potássio ou estrôncio,
arginina),
12–16
que pode aliviar a sintomatologia.
Se a hipersensibilidade não resolve, ou se está localizada
em um ou dois dentes, deve-se realizar o tratamento no consultório,
promover a oclusão dos túbulos expostos por um meio físico ou químico
O Laser também tem sido proposto para uso, apresentando resultados
promissores.
Seus efeitos podem se dar diretamente sobre as fibras nervosas (Laser
de baixa potência) ou por indução do bloqueio físico dos túbulos dentinários (Laser de alta
potência).
protocolo é recomendado para o atendimento em consultório:
Aplicação de um gel de oxalato de potássio durante 3 minutos sobre a área de dentina
exposta, sob isolamento relativo (Fig. 20-2B). Esta conduta é indicada nos casos em que o
tempo disponível para a consulta é mínimo. Apresenta excelente resultado imediato quanto à
remissão dos sintomas. Contudo, em alguns casos, a hipersensibilidade pode recidivar após
curto período de tempo.
Aplicação de adesivos dentinários, que agem por hibridização com a dentina, ou de
cimentos de ionômero de vidro fotopolimerizáveis, sob isolamento absoluto. Estes materiais
restauradores apresentam resultado também imediato; contudo, mais duradouro do que o
oxalato de potássio, uma vez que propiciam um selamento físico adequado e mais previsível
dos túbulos dentinários. Isto faz com que haja redução na movimentação do fluido e do
conteúdo dos túbulos dentinários,
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responsável pelo mecanismo de dor da dentina (teoria
hidrodinâmica).
38 Outrossim, alguns adesivos e os cimentos de ionômero de vidro possuem
atividade antibacteriana, inibindo a colonização bacteriana e eliminando bactérias
remanescentes sobre a superfície dentinária.
39 Em casos de abrasão ou atrição, onde houver
perda de estrutura dentária na cervical do dente associada à hipersensibilidade, a área deve
ser restaurada com resina composta ou cimento de ionômero de vidro.