A prática da maternagem vai além de atender às necessidades básicas do bebê, englobando também uma disponibilidade psíquica essencial para a construção do vínculo de apego. Esse conceito não está restrito às mães biológicas, podendo ser desempenhado por babás, avós, professoras e outras figuras que assumam responsabilidades de cuidado.
A relação da maternagem com a construção do vínculo de apego do bebe com o cuidador.
Identificar o papel paterno no exercício dos cuidados para o desenvolvimento do bebe.
O vazio promovido pela ausência do pai, segundo Ferrari , é formado pela noção das crianças de não serem amadas pelo genitor que está ausente, com uma grande desvalorização de si mesmas, em consequência disso. Além dessa autodesvalorização, ocorrem os sentimentos de culpa por a criança se achar má, por acreditar haver provocado a separação e até por ter nascido. A criança pensa ser má também por ter sido deixada. O autor coloca que isso pode gerar reações variadas, desde tristeza e melancolia até agressividade e violência. E prossegue dizendo que os tímidos e temerosos do exterior se fecham em si mesmos, e os extrovertidos e temerosos do interior de sua história se vingam no mundo com condutas anti-sociais
Lamb, Pleck, Charnov e Levine (1985) definem o envolvimento paterno a partir de três dimensões do comportamento paterno: acessibilidade, engajamento e responsabilidade. A acessibilidade refere-se à presença e disponibilidade do pai para a criança. O engajamento se relaciona com as interações diretas entre pai e filhos (brincadeiras, atividades de cuidado e lazer). Por fim, a responsabilidade é entendida como a garantia de cuidados específicos (ex., médico, escola) e recursos para o filho.
Estabelecer como o ambiente psíquico influencia na construção do vínculo do apego.
Segundo Bowlby (1969), as interações com as figuras de apego, fazem com que a criança avalie a disponibilidade do seu cuidador, para poder criar uma representação interna de si, das pessoas significativas e do mundo. Essas representações são denominadas de modelos operantes internosMIO), que servirão de guia para futuras percepções do mundo, comportamentos e relações interpessoais.
Então, o vínculo se expressa em dois campos psicológicos: o interno e o externo. O vínculo interno constitui-se na forma particular que o objeto se relaciona com o objeto introjetado dentro dele. A psicanálise ocupa-se do vínculo interno e a psicologia social se ocupa mais do externo. Os vínculos internos e externos se integram em processo que configura uma permanente espiral dialética. Produz-se uma passagem constante daquilo que está dentro, para fora, e do que está fora, para dentro
Então, o importante não são os períodos longos de interação recíproca e sintônica, mas períodos, onde o contato seja contingenteSe o pai, ao chegar, acolhe, é afetuoso, brinca e estabelece um relacionamento mútuo harmonioso, onde ambos se divertem., provavelmente, a escolha do objeto de apego da criança recairá sobre a figura paterna
Definir o conceito e a prática da maternagem.
Esse cuidado da mulher com os filhos não se restringiria apenas ao atendimento das necessidades básicas do bebê, mas também a uma disponibilidade psíquica, a qual passa a ser denominada maternagem
Todavia, a maternagem, por si só, não é suficiente para chamar alguém de mãe. Babás, avós, professoras, comadres, tias e madrinhas comumente desempenham tarefas relacionadas à maternagem das pessoas (em geral crianças, mas pode incluir adolescentes, jovens adultos ou adultos com algum tipo de deficiência que demande maior amparo) sob seus cuidados. Isso não significa necessariamente que as enxerguem enquanto filhos/as, nem que sejam consideradas mães por aqueles/as que maternam.
Dessa forma, podemos entender a maternagem como processo contínuo, rotineiro, que se realiza por meio de atividades cotidianas.
Designar o cuidado de mães ou outros cuidadores com crianças sob sua responsabilidade. é uma questão de presença, de prestar atenção ao filho
Caracterizar os tipos de apego e suas etapas específicas.
Tipo D: apego “confuso – desorganizado” no qual dominam as posturas de apreensão, de confusão e ate depressão na criança
Tipo C: apego “ambivalente” – o contato é buscado, mas parece fingido ao mesmo tempo. A criança pode protestar quando a mãe a segura no colo ou quando colocada no chão. É para esse tipo C que se fala de apego ansioso;
Tipo B: apego “confiante” – o contato é buscado durante o retorno da figura de apego, sem ambivalência. O contato à distancia (olhar) pode ser suficiente;
Tipo A: apego “de evitamento” – há um evitamento da figura de apego (quando ela volta à sala); o contato não é buscado, mas também não é recusado;