História da educação de surdos no Brasil e o cenário social de suas lutas político-linguísticas.
Antiguidade e quase toda a Idade Média
surdos não são educáveis
sujeito que não fala, não pensa, não usa a linguagem -
visão aristotélica;
"cura" da surdez.
Início do século XVI
surdos de famílias nobres: tinham professores particulares para que lhes fossem ensinado a fala e, com isso, pudessem ter seus direitos legais garantidos;
ações e discussões de que os surdos pudessem aprender
por meio de procedimentos pedagógicos;
Pedro Ponce de Leon: primeiro professor de surdos
Segregação àqueles que não conseguissem desenvolver a
fala.
treinamento dos órgãos fonoarticulatórios e
aproveitamento dos resíduos auditivos.
Decorrer do século XVIII
princípio de respeito à singularidade surda;
Oralistas: superassem a surdez/fala/comportamento como se não fossem surdos. Muito ligada à aceitação
social dos surdos.
Gestualistas: mais tolerantes/ percepção de que os surdos desenvolviam uma linguagem que era sim diferente da oral, mas que lhes possibilitavam abrir portas para o conhecimento da cultura, incluindo aquele
dirigido para a língua oral.
"Método francês" - Charles M. De L'Epée - pioneiro no estudo da língua de sinais para surdos.
sinais metódicos: proposta para o ensino de leitura e escrita.
De L'Epée: não mantinha em segredo suas práticas pedagógicas.
professores oralistas mantinham práticas contrárias às de L'Epée, destacando-se, dentre eles, Pereira, em Portugal e Heinicke na Alemanha
Heinicke: "método alemão" - pensamento só é possível através da língua oral, e depende dela.
1880 - Milão, Itália
Realização do II Congresso Internacional;
finalidade:
qual o melhor método de ensino para surdos?
prevalência e imposição da prática oralista no mundo todo baseada na concepção de pessoas ouvintes;
Alexandre Grahan Bell: oposição ferrenha aos métodos
gestuais, propõe o fim das escolas residenciais, a proibição de professores surdos e, como se não bastasse, a interdição, por lei, de casamentos entre surdos.
Século XX
resistências surdas para a manutenção de suas diferenças por meio do uso de sinais;
Síntese: três abordagens educacionais
1. Oralismo: ensino do surdo por meio da oralidade, com destaque em técnicas clínicas interventivas no campo pedagógico.
2. Comunicação Total: nasce do insucesso de muitos surdos na escola por meio da prática anterior. Menos radical que o Oralismo, pois permite o uso de gestos, mímicas e outros recursos no ensino.
3. Abordagem bilíngue (Bilinguismo): defesa de aprendizagem e de acesso de duas línguas no espaço escolar: a língua de sinais (L1) e a língua oral (L2). Escola: espaço de construção de conhecimentos culturais pela língua de sinais.
No Brasil
método oral puro ganhou força;
surdos não se adequavam a tal método. Consequência: exclusão;
Proposta educacional: adequação, reparação do corpo surdo, normatização escolar e normalização por meio da língua oral
currículo voltado a determinados interesses coletivos;
investimento e conexão: educação e saúde que perdura
até hoje.