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realizată de Vanessa Pires 13 ani în urmă

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As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão

O texto aborda as influências imperativas e proibitivas dos paradigmas, crenças oficiais e doutrinas dominantes na formação do conhecimento humano. Ele descreve como essas forças moldam estereótipos cognitivos, ideias não analisadas e crenças irracionais, promovendo conformismos intelectuais que rejeitam evidências em favor de "

As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão

As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão

O imprinting e a normalização

- O poder imperativo e proibitivo conjunto dos paradigmas, das crenças oficiais, das doutrinas reinantes e das verdades estabelecidas determina os estereótipos cognitivos, as ideias recebidas sem qualquer análise, as crenças estúpidas não contestadas, os absurdos triunfantes, a rejeição de evidências em nome da evidência, e faz reinar em toda parte os conformismos cognitivos e intelectuais.

- A selecção sociológica e cultural das ideias raramente obedece à sua verdade; pode, ao contrário, ser implacável na busca da verdade.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Conformismo cognitivo
Normalização

Elimina aquilo que poderia contestar o imprinting cultural e o seu conformismo

Imprinting cultural

O imprinting é um termo proposto por Konrad Lorenz para dar conta da marca indelével imposta pelas primeiras experiências do animal recém-nascido (como ocorre com as crias dos passarinhos que, ao saírem do ovo, seguem o primeiro ser vivo que passe por eles, como se fosse a sua mãe), o que Andersen já nos havia contado à sua maneira na história d’ O patinho feio.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Marca os humanos desde o nascimento com diferentes "selos"

Universidade e / ou vida profissional

Cultura escolar

Cultura familiar

Marca matricial que inscreve o conformismo a fundo

Encarceração do conhecimento no multi-determinismo de imperativos, normas, proibições, rigidez e bloqueios
Determinações culturais
Determinações sociais, económicas e políticas

Tecnoburocratização do trabalho

Especialização

Divisão de classes

Hierarquia

Poder

Doutrinas e ideologias dominantes
Força coercitiva que suscita o medo inibidor nos outros
Força imperativa que traz a evidência aos convencidos
Determinismo de convicções e crenças
Força proibitiva do tabu
Força normalizadora do dogma
Força imperativa do sagrado

A noologia: possessão

São as ideias que nos permitem conceber as carências e os perigos da ideia
Paradoxo: devemos manter uma luta crucial contra as ideias, mas só podemos fazê-lo com a ajuda de ideias
Idealismo
Posessão do real pela ideia
Idealidade
Modo de existência necessário à ideia para traduzir o real
Noosfera: a esfera das coisas do espírito
Ideias ou teorias

Devem ajudar e orientar estratégias cognitivas que são dirigidas por sujeitos humanos

Devem ser relativizadas e domesticadas

Não devem ser apenas instrumentalizadas nem impor o seu veredicto de modo autoritário

Só podemos usá-las bem se soubermos também servi-las

As ideias existem pelo Homem e para ele, mas o Homem existe também pelas ideias e para elas

Vivemos numa selva de mitos que enriquecem as culturas

O surgimento dos mitos, dos deuses, e o extraordinário levante dos seres espirituais impulsionou e arrastou o Homem a delírios, massacres, crueldades, adorações,

êxtases e sublimidades desconhecidas no mundo animal.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Mitos, Crenças e Ideias

Marx dizia justamente: “Os produtos do cérebro humano têm o aspecto de seres independentes, dotados de corpos particulares em comunicação com os humanos e entre si”.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Podem possuir-nos!

Somos capazes de matar ou morrer por um deus, por uma ideia!

Tomaram forma, consistência e realidade

- Os mitos tomaram forma, consistência e realidade com base nas fantasias formadas pelos nossos sonhos e pela nossa imaginação.

- As ideias tomaram forma, consistência e realidade com base nos símbolos e nos pensamentos da nossa inteligência.

- Os mitos e as ideias voltaram-se sobre nós, invadiram-nos, deram-nos emoção, amor, raiva, êxtase, fúria.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

São seres mentais que têm vida e poder

São produtos da mente

Ela está em nós e nós estamos nela
É um produto da nossa alma e mente

O inesperado

Devemos esperar o inesperado!

As coisas novas estão sempre a surgir sem parar e não podemos prever de que forma estas se apresentarão, mas devemos esperar a sua chegada, ou seja, esperar o inesperado (cf. Capítulo V - Enfrentar as incertezas). E quando o inesperado se manifesta, é preciso ser-se capaz de rever as teorias e ideias próprias, em vez de se deixar os factos novos entrarem à força na teoria incapaz de recebê-lo.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Sentimento de surpresa
Acomodamo-nos nas nossas teorias e ideias, as quais não têm estrutura para receber o que é novo.
A imprevisibilidade do Futuro

A incerteza do conhecimento

O dever principal da educação é o de armar cada um para o combate vital para a lucidez
Para que haja progresso de base no séc. XXI, o Homem tem de deixar de ser um brinquedo inconsciente das suas ideias e das próprias mentiras.
O problema cognitivo é de importância antropológica, política, social e histórica
É preciso instaurar um paradigma que permita o conhecimento complexo
É preciso encontrar os metapontos de vista sobre a noosfera

Os metapontos de vista sobre a noosfera só podem ocorrer com a ajuda de ideias complexas, em cooperação com as próprias mentes, em busca dos metapontos de vista para auto-observar-se e conceber-se.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Precisamos de desenvolver teorias abertas, racionais, críticas, reflexivas, autocríticas, aptas para se auto-reformarem
A mente humana deve desconfiar dos seus produtos (ideias), que lhe são ao mesmo tempo vitalmente necessários
Necessitamos de:

Estar sempre alerta para tentar detectar a mentira em si mesmo

Tomar consciência do id e do alguém que falam através do ego

Intercâmbio e comunicação entre as diferentes zonas de nossa mente

Negociação e controlo mútuos entre a nossa mente e as nossas ideias

Estar sempre atentos para evitar o Idealismo e a Racionalização

Problema-chave: instaurar a convivibilidade tanto com nossas ideias quanto com os nossos mitos.
Devemos tentar jogar com as duplas possessões para alcançar formas em que a escravidão mútua se transformaria em convivibilidade
Possessão das ideias pela nossa mente
Possessão da mente pelas ideias
Podemos usar a possessão a que as ideias nos submetem para nos deixarmos possuir pelas ideias de crítica, de autocrítica, de abertura, de complexidade
Existem condições que permitem interrogações fundamentais sobre o mundo, o Homem e o próprio conhecimento
Condições noológicas: as teorias abertas
Condições socioculturais: a cultura aberta, que permite diálogos e troca de ideias
Condições bioantropológicas: as aptidões do cérebro/mente humana
A incerteza, que mata o conhecimento simplista, é o desintoxicante do conhecimento complexo.
As fontes e causas de erros e ilusões são múltiplas e renovam-se constantemente em todos os conhecimentos
As possibilidades de erro e ilusão vindas do interior, encerradas, às vezes, no seio dos nossos melhores meios de conhecimento, fazem com que as mentes se equivoquem de si próprias e sobre si mesmas
As possibilidades de erro e ilusão oriundas do exterior cultural e social inibem a autonomia da mente e impedem a busca da verdade

O Calcanhar-de-Aquiles do conhecimento

Cegueiras paradigmáticas
Paradigma cartesiano

Determina a dupla visão do mundo / desdobramento do mundo

O mundo de sujeitos que se questionam sobre problemas de existência, de comunicação, de consciência, de destino

O mundo de objectos submetidos a observações, experiências, manipulações

É um paradigma, pois determina os conceitos-mestres e prescreve a relação lógica: a disjunção

A desobediência a esta disjunção é considerada um desvio ao paradigma.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Separa o sujeito e o objecto, cada qual na sua própria esfera

Este paradigma (o "grande paradigma do Ocidente"), formulado por Descartes e imposto pelo descobrimento da história europeia a partir do século XVII, coloca a filosofia e a pesquisa reflexiva de um lado, e a ciência e a pesquisa objectiva de outro. Esta dissociação atravessa o universo de um extremo ao outro:

Sujeito/Objecto

Alma/Corpo

Espírito/Matéria

Qualidade/Quantidade

Finalidade/Causalidade

Sentimento/Razão

Liberdade/Determinismo

Existência/Essência

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Relação Homem / Natureza: dois paradigmas opostos!

Ambos impedem a:

Concepção da relação, ao mesmo tempo, de implicação e de separação entre o Homem e a Natureza

Somente o paradigma complexo de implicação/distinção/conjugação permitirá tal concepção, mas este ainda não está inscrito na cultura científica.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Concepção da unidualidade da realidade humana

cerebral <-> psíquica

natural <-> cultural

Ambos os paradigmas obedecem ao Paradigma da Simplificação!

Disjunção entre o Homem e o natural

Redução do Homem ao natural

Paradigma 2

Determina o que há de específico no Homem por exclusão da ideia de natureza

Disjunção entre o Homem e a Natureza

Paradigma 1

Reconhecimento da "natureza humana"

O Homem é um ser natural

Inclusão do Homem na Natureza

Paradigma

Um paradigma pode ser definido por:

Promoção/selecção dos conceitos-mestres ou categorias fundamentais da inteligibilidade.

Estes conceitos-mestres excluem ou subordinam os conceitos que lhes são opostos: a desordem, o espírito, a matéria, o acontecimento. Assim, o nível paradigmático é o do princípio de selecção das ideias que estão integradas no discurso ou na teoria, ou postas de lado e rejeitadas.

Determinação das operações lógicas-mestras.

O paradigma está oculto sob a lógica e selecciona as operações lógicas que se tornam, ao mesmo tempo, preponderantes, pertinentes e evidentes sob o seu domínio (exclusão/inclusão, disjunção/conjunção, implicação/negação). É ele que privilegia determinadas operações lógicas em detrimento de outras (ex: a disjunção em detrimento da conjunção) e que atribui validade e universalidade à lógica que elegeu. Por isso mesmo, dá aos discursos e às teorias que controla as características da necessidade e da verdade. Por sua prescrição e proscrição, o paradigma funda o axioma e expressa-se em axioma (“todo o fenómeno natural obedece ao determinismo”, “todo o fenómeno propriamente humano define-se por oposição à natureza...”).

O paradigma desempenha um papel ao mesmo tempo subterrâneo e soberano em qualquer teoria, doutrina ou ideologia. O paradigma é inconsciente, mas irriga o pensamento consciente, controla-o e, neste sentido, é também supraconsciente.

No fundo, o paradigma instaura relações primordiais que constituem axiomas, determina conceitos, comanda discursos e/ou teorias. Organiza a organização deles e gera a geração ou a regeneração.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Um paradigma pode ao mesmo tempo elucidar e cegar, revelar e ocultar

Determinismo de paradigmas e modelos explicativos

Os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo o paradigma culturalmente inscrito neles

Designa as categorias fundamentais da inteligibilidade e controla a apliacação das mesmas

Estrutura -> concepções estruturalistas

Espírito -> concepções espiritualistas

Matéria -> concepções materialistas

Ordem -> concepções deterministas

Faz a selecção e a determinação da conceptualização e das operações lógicas

Erros da razão
Princípio de incerteza racional

Começamos a tornar-nos realmente racionais quando reconhecemos a racionalização até na nossa própria racionalidade e reconhecemos os próprios mitos, entre os quais o mito da nossa "razão toda-poderosa" e do "progresso garantido".

Assim, há a necessidade de reconhecer na educação do futuro um princípio de incerteza racional: a racionalidade corre um risco constante, devendo manter uma vigilante autocrítica para não cair na ilusão racionalizadora.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

Racionalização

É uma grande fonte de erros e ilusões

Constitui um sistema lógico perfeito, mas fundamenta-se em bases mutiladas ou falsas

Fecha-se sobre si mesma, numa doutrina racionalizadora, que obedece a um modelo mecanicista e determinista para considerar o mundo

É uma racionalidade distorcidada, fechada à verificação empírica e a refutações/críticas que ponham a nu os seus erros

O racionalismo que ignora os seres, a subjectividade, a afectividade e a vida é irracional!
Racionalidade

A racionalidade não é monopólio da civilização ocidental!

O ocidente europeu acreditou, durante muito tempo, ser proprietário da racionalidade, vendo apenas erros, ilusões e atrasos nas outras culturas, e julgava qualquer cultura sob a medida do seu desempenho tecnológico.

Entretanto, devemos saber que em qualquer sociedade, mesmo arcaica, há racionalidade na elaboração de ferramentas, na estratégia da caça, no conhecimento das plantas, dos animais, do solo, ao mesmo tempo em que há mitos, magia e religião.

Nas sociedades ocidentais também existem mitos, magia, religião, inclusive o mito da razão providencial e uma religião do progresso.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

É fruto do debate argumentado das ideias, e não a propriedade de um sistema de ideias

Não é apenas teórica, apenas crítica, mas também é autocrítica.

Recorre à lógica e à verificação empírica

É um dispositivo de diálogo entre a ideia com o real

A racionalização impede este mesmo diálogo.

Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

É a melhor protecção contra o erro e a ilusão

A actividade racional da mente permite:

  • A distinção entre: vigília e sonho; imaginário e real; subjectivo e objectivo.

  • O controlo do ambiente: resistência física do meio ao desejo e ao imaginário.

  • O controlo da prática: actividade verificadora.

  • O controlo da cultura: referência ao saber comum.

  • O controlo do próximo: «será que tu vês o mesmo que eu?»

  • O controlo cortical: memória, operações lógicas.

  • No fundo, a racionalidade tem uma acção corretiva.

    Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

    Racionalidade construtiva e Racionalidade crítica

    A racionalidade construtiva elabora teorias coerentes, verificando o caráter lógico da organização teórica, a compatibilidade entre as ideias que compõem a teoria, a concordância entre suas proposições e os dados empíricos aos quais se aplica.

    Esta racionalidade deve permanecer aberta a contestações/refutações para evitar que se feche numa doutrina e se converta em Racionalização.

    A racionalidade crítica é exercida particularmente sobre os erros e ilusões das crenças, doutrinas e teorias.

    Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

    Erros intelectuais
    Sistemas de ideias: teorias, doutrinas, ideologias

    Resistência à informação que não lhes convém ou que não podem assimilar

    Doutrinas

    São invulneráveis a qualquer crítica que denuncie os seus erros

    Estão absolutamente convencidas da sua verdade

    São teorias fechadas sobre si mesmas

    As teorias têm tendência a resistir à agressão de teorias e/ou argumentos contrários

    Ainda que as teorias científicas sejam as únicas a aceitar a possibilidade de serem refutadas, tendem a manifestar esta resistência.

    Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

    Protegem os erros e ilusões neles inscritos

    Estão sujeitos ao erro

    Erros mentais
    A memória

    A memória é uma fonte insubstituível de verdade, mas também pode estar sujeita aos erros e às ilusões.

    Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

    Falsas lembranças

    Recalcamento de memórias desfavoráveis

    Selecção de memórias favoráveis

    Rememoração (reconstrução de memórias)

    Desfiguração de memórias / lembranças

    Embelezamento de memórias / lembranças

    Degradação de memórias

    Self-deception (mentir a si próprio)

    Cada mente é dotada de potencial de mentira para si próprio (self-deception), que é uma fonte permanente de erros e de ilusões.

    Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

    Projectar sobre o outro a causa do mal

    Necessidade de autojustificação

    Egocentrismo

    A Psique Humana

    A fantasia e o imaginário no ser humano são de uma importância inimaginável; dado que as vias de entrada e de saída do sistema neurocerebral, que colocam o organismo em conexão com o mundo exterior, representam apenas 2% do conjunto, enquanto 98% se referem ao funcionamento interno, constituiu-se um mundo psíquico relativamente independente, em que fermentam necessidades, sonhos, desejos, ideias, imagens, fantasias, e este mundo infiltra-se na nossa visão ou concepção do mundo exterior.

    Fonte: Os sete saberes para a educação do Futuro, de Edgar Morin, Capítulo 1

    Subjectividade

    Imaginário

    Fantasias

    Imagens

    Ideias

    Desejos

    Sonhos

    Necessidades

    Emoções